Em um marco histórico para a radiodifusão paranaense, a Aerp (Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná) promoveu, no dia 8 de abril, seu primeiro evento internacional. O Aerp Day foi realizado em Las Vegas (EUA), durante a NAB Show e reuniu mais de 100 radiodifusores brasileiros, além de autoridades e representantes do setor. Com foco em inovação, tecnologia e novas oportunidades de monetização para rádio e TV, o encontro que foi transmitido ao vivo pelo canal da Aerp no YouTube, teve patrocínio da Awdio, Band, Grupo Massa, Rede CNT, RIC, RPC e Tarobá.
O presidente da Aerp, Rodrigo Martinez, abriu o evento destacando que o Aerp Day nasceu da inquietação coletiva de radiodifusores que vivenciam, diariamente, os desafios de um setor em constante transformação. “Vivemos em um cenário de mudança acelerada na comunicação de massa, com a chegada da TV 3.0 e o avanço das plataformas digitais. Portanto, nosso objetivo com este encontro foi proporcionar um espaço de reflexão estratégica sobre os rumos do setor”, enfatizou. Ao reunir empresários e lideranças, o evento buscou ampliar horizontes e estimular novas formas de pensar o negócio, tanto no rádio quanto na televisão.
A presença do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, reforçou o peso institucional do encontro. Ligado historicamente à radiodifusão, ele destacou a importância da participação do estado em eventos internacionais que discutem o futuro do setor. Para ele, a ideia de que rádio e TV desapareceriam com o surgimento de novas tecnologias, como a internet e as plataformas digitais, não se sustenta “Os veículos não vão sumir, irão se modernizar cada vez mais, criando novos mecanismos de relacionamento e interatividade com o ouvinte e telespectador. Entendo que os veículos devem aproveitar esse momento de transformação que vem acontecendo no mundo”.
Ratinho Junior também fez um apelo contundente por isonomia regulatória, cobrando equilíbrio entre as obrigações legais impostas às emissoras e a atuação das big techs. Ele alertou sobre o fato de rádios e TVs arcarem com direitos autorais e tributos enquanto plataformas digitais operam sem os mesmos encargos. “Não é justo uma rádio de uma cidade com 5 mil habitantes pagar o Ecad por uma vinheta, enquanto plataformas que faturam bilhões não contribuem da mesma forma”, afirmou. Segundo ele, essa distorção prejudica especialmente pequenos empreendedores do interior.
Outro ponto relevante abordado pelo governador foi a necessidade de desburocratizar o setor, especialmente no que diz respeito à expansão de redes de rádio. Ele criticou a limitação de concessões por CPF, que obriga empresários a recorrerem a estratégias informais para ampliar seus negócios. Para Ratinho Junior, é papel do poder público criar mecanismos que estimulem o empreendedorismo e a geração de empregos no setor, permitindo que os radiodifusores cresçam de forma estruturada e legal, com condições mais equitativas para competir no mercado. “Lamentavelmente, existe essa prática no Brasil, o que acaba freando o potencial empreendedor e a geração de empregos. Acho que o poder público, no qual me enquadro, deve construir ferramentas para que a gente possa desburocratizar e deixar o radiodifusor empreender, crescer e se desenvolver. Assim, poderá disputar em grau de igualdade com as bigtechs”, defendeu.
A fala do governador teve apoio do conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Vinicius Caram. “O recado do governador foi importante, no que tange o papel da radiodifusão e os seus desafios. Deixo aqui registrado, em nome da Anatel, que não vamos perder essa queda de braço. Não vamos permitir que o radiodifusor seja vencido por agentes externos que não pagam seus tributos, que não têm responsabilidade ou não têm o compromisso de pagar impostos, de gerar postos de trabalho e gerar conteúdo em solo brasileiro”, afirmou.
O ex-ministro ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil e atual senador, Marcos Pontes também participou do evento e falou sobre o papel das emissoras de radiodifusão. “Faço uma colocação muito simples: para um país se desenvolver, ele precisa de empresas fortes. Empresas fortes, geram lucro. Empresas que geram lucro, geram produtos, serviços, empregos para o país. Quem gera emprego é o setor privado. A gente precisa melhorar o tratamento do setor privado do nosso país. O setor da radiodifusão faz parte deste cenário. Ele é muito importante não só pelo trabalho de comunicação que faz, mas pela geração de emprego e conteúdo. Os conteúdos têm uma importância gigantesca no desenvolvimento da nação e eu digo isso com o pensamento na educação. Neste aspecto, a internet tem um amplo alcance, mas ele ainda é limitado. O rádio e a tv têm um alcance muito maior e isso significa poder para atingir a grande parte da população”, destacou.
O presidente da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Flávio Lara Resende, parabenizou a Aerp pela iniciativa de realizar o evento internacional e destacou a importância da participação brasileira na NAB Show, que contou com mais de mil inscritos do país, evidenciando o interesse do setor em inovação tecnológica e atualização constante. Ele reforçou o compromisso da Abert na defesa da radiodifusão e mencionou a proposta de permitir que recursos do fundo eleitoral sejam utilizados para a compra de inserções em rádio e TV. Flávio também reforçou a urgência da regulamentação das plataformas digitais, para garantir isonomia entre os meios tradicionais e digitais. “As plataformas são bem-vindas, mas é fundamental que tenhamos os mesmos direitos e deveres. A Abert vem trabalhando exaustivamente nesta regulamentação e queremos ajuda de todas as associações para que a gente possa levar isso à frente rapidamente”, declarou.
André Dias, vice-presidente de televisão da Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), também se posicionou em defesa do setor. “É fundamental apoiar as entidades regionais na luta pela sobrevivência da radiodifusão. Ela é essencial para a democracia e para movimentar a economia. A Abratel tem atuado junto a parlamentares e órgãos reguladores para manter a isonomia e a credibilidade dos veículos”, declarou.
Fonte/aerp.org.br