RETROSPECTIVA 2020: O ROSTO SINODAL E MISSIONÁRIO SUSTENTA O DEBATE SOBRE A CONSTRUÇÃO DO NOVO ESTATUTO DA CNBB

Escrito por em 23 de dezembro de 2020

‘Sinodal e missionária’ esses são os dois principais eixos da estrutura e do funcionamento do novo estatuto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, em agosto de 2020, deu início ao processo de construção do documento que pretende ser o rosto da Igreja no Brasil nos dias atuais contemplando além dos critérios de sinodalidade e missionariedade, os eixos de formação integral, comunicação e diálogo estratégico com a sociedade.

Para colaborar com o processo de construção do novo estatuto, a CNBB por meio do Instituto Nacional de Pastoral Alberto Antoniazzi (INAPAZ), vinculado à entidade produziu seis lives no canal oficial do Youtube que abordaram pontos importantes que serão contemplados novo estatuto.

A série teve início com a apresentação geral da ‘sinodalidade e missionariedade’ na primeira live; a ‘Sinodalidade’ foi tema do segundo encontro e a ‘Missionariedade’ tema da terceira live. Já o quarto encontro tratou da ‘Gestão pastoral’; o quinto da ‘formação integral’ e o ‘diálogo estratégico com a sociedade’ foi o protagonista da sexta e última live da série que ao final resultou numa outra série com o resumo do que foi debatido. Só que dessa vez em áudio. Foram produzidos seis podcasts tratando os mesmos temas das lives.

No primeiro podcast, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, falou sobre a importância da renovação do estatuto.

“É a CNBB compreendendo precisa fazer um novo caminho em função exatamente de uma nova reposta sobretudo quando nós lançamos o nosso olhar sobre a realidade brasileira, sua complexidade social, política, econômica e também a sua descompassada efervescência religiosa. Isso nos mostra, portanto, que nós precisamos ter uma presença muito mais qualificada à luz da palavra Deus, no diálogo, abrindo novos caminhos para que nós possamos cumprir melhor uma tarefa nossa fundamental”, afirmou dom Walmor.

Este episódio também contou com a participação do o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado e do bispo de São Carlos (SP) e referencial para o Setor Universidades da conferência, dom Paulo Cezar.

No segundo episódio, o destaque foi a ‘Sinodalidade’ e o debate foi feito pelo professor emérito do departamento de Teologia da PUC-Rio, padre Mário de França Miranda que destacou pontos significativos sobre a dimensão da sinodalidade e o membro da Comissão Teológica Internacional da PUC-Rio, monsenhor Antônio Catelan que resumiu que a sinodalidade pode inspirar formas e dar vida a processos de renovação.

“Essa discussão da relação entre a conferência episcopal e a colegialidade se acrescenta, então, a reflexão sobre a relação entre a sinodalidade e a colegialidade e, portanto, entre a sinodalidade e as conferências episcopais. Sendo que o princípio colegial ele se refere aos membros do colégio episcopal, portanto, aos bispos e a sinodalidade muito mais ampla se refere a todos os sujeitos desse grande sujeito coletivo que é a Igreja. Então, a sinodalidade ela articula de modo mais satisfatório e profundo a condição de sujeitos de todos os membros do povo de Deus. Se destaca aí, por exemplo, o papel dos bispos, o papel dos presbíteros, dos membros da vida consagrada. Alguns carismas especiais. O documento da comissão teológica evidentemente recorda o carisma específico da teologia e sua contribuição para a sinodalidade”, disse Catelan.

Já o terceiro episódio o foco foi a ‘Missionariedade’ e teve como convidados para abordar o tema o assessor da Comissão para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da CNBB padre Daniel Rochetti que falou sobre os desafios atuais da missão que é continuidade do agir de Deus e o o bispo auxiliar de Belém (PA) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom Antônio de Assis Ribeiro que ressaltou que a construção do novo estatuto precisa levar em consideração a diversidade da ação missionária.

“Uma primeira questão muito delicada para orientar a elaboração do novo estatuto é não usar viseiras. Quando nós usamos viseiras nós perdemos a visão multilateral e a perda da visão multilateral nos colocaria num horizonte reducionista, míope e o novo estatuto não deve nos levar para esse horizonte míope, mas levar em conta a diversidade das dimensões que implica o evangelizar e a sociedade enquanto tal. Caso contrário, nós iremos perder a beleza e o significado da missão. A missão é pluridimensional e pluridimensional deve ser também o estatuto”, destacou dom Antônio Ribeiro.

Etapas da construção do novo estatuto da CNBB

O processo foi iniciado em julho com a produção de material de reflexão que foi encaminhado aos bispos. A segunda etapa do processo foi a reflexão, em blocos regionais, dos tópicos presentes no material enviado aos bispos para que fizessem contribuições nos blocos estabelecidos.

A terceira etapa contou com a colaboração dos secretários executivos na sistematização das contribuições dos bispos e ainda foram realizadas, entre outubro e novembro, lives para debater o instrumento de trabalho preparado pelos bispos.

Os encontros aconteceram no canal do Youtube da CNBB e recebeu a cada semana bispos acompanhados de professores e pesquisadores das Universidades Católicas, lideranças e gestores especialistas nos temas e eixos que seriam debatidos.

Construção e aprovação

A partir da quarta etapa do processo, parte-se da reflexão para a formulação. Primeiro, a jurídico-canônica, entre dezembro deste ano e janeiro de 2021. Em seguida, em fevereiro, a apresentação da proposta estatutária e regimental aos bispos, com nova participação dos blocos regionais. Em março, haverá o aprimoramento redacional jurídico-canônico e submissão à prévia aprovação do Conselho Permanente.

A sexta etapa é a discussão final e aprovação do novo estatuto vai ocorrer na 58ª Assembleia Geral da CNBB prevista para ser realizada em abril de 2021, em Aparecida São Paulo (SP). Para o mesmo entrar em vigor, é necessária a sétima etapa do processo, que é a aprovação pela Santa Sé.

Ouça a íntegra dos três primeiros episódios da série de podcasts:

CNBB Podcast – Série Novo Estatuto da CNBB – Episódio 1

CNBB Podcast – Série Novo Estatuto da CNBB – Episódio 2

CNBB Podcast – Série Novo Estatuto da CNBB – Episódio 3

Fonte/CNBB


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