DOM WALMOR RECORDA QUE BRASIL É UM CELEIRO DO MUNDO E QUE NÃO HÁ RAZÃO PARA “TERMOS GENTE PASSANDO FOME”

Escrito por em 28 de fevereiro de 2023

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu a Campanha da Fraternidade 2023 com uma missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, celebrada na manhã de domingo, 26 de fevereiro. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência, dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi quem presidiu a celebração. Em sua homilia, dom Walmor refletiu sobre o chamado à conversão proposto pelo Tempo da Quaresma e, abordando o tema da Campanha da Fraternidade, ressaltou que não há razões de ter no Brasil pessoas passando fome, uma vez que o país é um dos “celeiros do mundo”.  

“A CNBB, através dos pastores de nossas dioceses, e na nossa rede de comunidades, nas paróquias, estamos empenhados para dar a todos a possibilidade de compreender o seu papel e que, como cidadãos do Reino, nós precisamos promover uma vida justa, digna e fraterna entre nós. O Brasil tem todas as condições para isso, é um grande celeiro do mundo. Não tem razões para nós termos gente passando fome – e a cifra é assustadora, supera 30 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Isso, portanto, nos remete a nossa consciência e o tecido da nossa interioridade”, afirmou dom Walmor. 

Em sua homilia, dom Walmor afirmou que a presença dele, de dom Joel e dos assessores na celebração no Santuário de Aparecida era para “de modo muito especial, com o coração de peregrinos, fazer ecoar da voz bonita do Santuário Nacional de Aparecida, o grande convite que a Campanha da Fraternidade nos faz: ‘Dai-lhes voz mesmos de comer!’”. 

Dom Walmor quis destacar a compreensão de que o tempo da Quaresma é ocasião de conversão. “É uma grande delicadeza de Deus pela Liturgia da Igreja, chamando-nos a sair de nossas fraquezas em razão do pecado e da nossa fragilidade humana, nos fortalecendo no caminho, qualificando a nossa cidadania do Reino e a nossa cidadania civil”. A necessidade de conversão se justifica “porque somos pecadores”. E o pecado, continuou, “nos abate, nos submete e nos impede de viver a alegria bonita da fraternidade universal”. 

É nesse contexto que a Igreja em todo o Brasil promove a Campanha da Fraternidade, neste ano com o tema “Fraternidade e Fome”.  

“São 60 anos movendo nosso olhar na compreensão importante e bonita que é preciso cuidar daquilo que nós encontramos no nosso mundo e na nossa sociedade, para superar injustiças, discriminações, preconceitos e tudo aquilo que ofende a dignidade de cada pessoa humana”, recorda dom Walmor. 

O tema da fome é abordado nesta edição pela terceira vez na história da Campanha da Fraternidade. A primeira, há quase 50 anos. “Isso nos deve questionar profundamente quando, por exemplo, comparamos o Brasil como um celeiro do mundo. O que justifica homens e mulheres, irmãos e irmãs nossos, passarem fome? Por isso, na sua mensagem, o Papa Francisco diz de maneira forte e contundente: a fome é um crime, o alimento é um direito”, disse o presidente da CNBB. 

Iluminar as mentes

Nesse sentido, dom Walmor destacou uma das motivações da Campanha deste ano: “estamos no coração da Igreja para trabalhar à luz da Palavra Santa de Deus, para que consciências sejam iluminadas, as inteligências consigam resolver esse problema urgentíssimo, pedindo de nós um gesto concreto de fraternidade, emergencialmente atendendo os que passam fome, porque a fome não pode esperar”.  

Ao mesmo tempo, continuou dom Walmor, “iluminar a mente de governantes em nível municipal, estadual e federal para que nós tenhamos leis e políticas públicas que possam dar o direito do alimento e não cometermos esse crime da fome pela qual passam tantos irmãos e irmãs”. 

Fonte/CNBB

Imagem de congerdesign por Pixabay


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